A multi-instrumentista, cantora, compositora, atriz e musicoterapeuta, Fernanda Cabral dá início a um novo ciclo do Música nas Incubadoras – O Som que Cuida, de micro-concertos dedicados a bebês prematuros e suas mães e pais. Com quase 10 anos de prática, iniciada em 2015, o projeto já foi realizado em maternidades da Espanha, Portugal e Brasil. Sempre conduzido por Fernanda, que é brasiliense e sua idealizadora.
Pioneiro e humanitário, o projeto alinha-se às diretrizes das maternidades públicas brasileiras, que se destacam na atenção integral à saúde da mulher e da criança, e no atendimento igualitário a famílias menos favorecidas. Por esse motivo, já esteve nos Hospitais Materno-Infantil de Brasília; o Regional Leste; e o Regional de Sobradinho.
Desta vez, será realizado sob a chancela do Hospital Universitário de Brasília. Onde, ao longo de três meses, será objeto de pesquisa continuada a convite da chefe da UTI Neonatal, Janayna Bispo Araújo Costa. Começando no mês da conscientização e prevenção da prematuridade, também chamado de Novembro Roxo, e resultando em produção científica e uma série de podcasts.
Como orientadora, Fernanda terá Maria Clotilde Henrique Tavares, Musicoterapeuta Neurológica e Vice Coordenadora do Núcleo Ciência, Arte, Filosofia e Espiritualidade do CEAM/UNB. Segundo Fernanda, realizar o Música nas Incubadoras no ambiente acadêmico e com acompanhamento, “trará novas reflexões e dados estruturados acerca da metodologia do trabalho desenvolvido”, avalia.
O Som que Cuida
Estudos sugerem que a utilização de melodias vocais e sonoridades acústicas tranquilizantes, aliviam o estresse. É nesse sentido que o Música nas Incubadoras estimula a recuperação de bebês, estabiliza a frequência cardíaca e o ritmo respiratório, favorece o ganho de peso, por contribuir na amamentação, e auxilia na recuperação do bebê.
Além disso, com a presença da mãe e/ou do pai, estreita-se o vínculo emocional entre eles, o que é determinante para o crescimento afetivo do bebê. Convertendo-se em um recurso terapêutico favorável ao desenvolvimento neuro-social. Os encontros musicados são elaborados no momento da apresentação – a partir do que se observa – para a construção de uma vibração sonoro-musical que alcance o bebê e o ajude a restabelecer a plenitude de suas funções vitais.
“A fruição de uma obra musical específica para um público em situação vulnerável, redimensiona a obra artística. Em tal situação, a cultura constrói um novo olhar sobre o poder da arte no ambiente hospitalar e fortalece as relações mães/pais/bebês, mães/pais/bebês/equipe hospitalar. Ademais, atua para a recuperação emocional, psíquica e fisiológica”, acentua Fernanda
Sobre se aprofundar na pesquisa musical dedicada à primeira infância é, para ela, “um grande presente e, por outro lado, dá continuidade ao meu mestrado realizado no departamento de Artes Cênicas da UNB, com dissertação sobre dramaturgia musical pensada para bebês e acompanhantes”.
O Música nas Incubadoras – O Som que Cuida teve suas passagens por hospitais registadas em documentários na direção André Amahro e lançados em 2023: Doc #1 – https://youtu.be/DsLkWPYDM-k, no Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB); Doc #2 – https://youtu.be/UeMVxb9HblE, no Hospital Região Leste (HRL); e Doc #3 – https://youtu.be/Wn7VmdSE5eA, no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). O projeto conta com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura do DF.
Sobre a artista
Fernanda Cabral, natural de Brasília, vencedora do Prêmio Profissionais da Música – Melhor Produção Musical do Centro-Oeste 2021, é Produtora e Diretora Musical, multi-instrumentista, cantora, compositora, diretora teatral e arte-educadora. Também é atriz e mestre em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, com pesquisa em Teatro e Música para Bebês. Musicoterapeuta pós-graduada pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, vem desenvolvendo desde 2014, nas UTIs neonatais do Brasil, Espanha e Portugal, o projeto Música nas Incubadoras. No mesmo ano fundou a Cia. Studio Sereia, também dedicada a ações culturais na área da primeira infância. Sua atuação como musicista foi reconhecida na Europa e no Japão, onde chegou a cantar no Blue Note de Tokyo e em vários festivais de World Music de diferentes países como Escócia, França, Holanda, Rússia, Itália, Portugal e Espanha. Coproduziu seus dois CDs [Praianos, 2011 (indicado ao Prêmio da Música Brasileira) e Tatuagem Zen, 2020 (Prêmio Profissionais da Música 2021), ao lado de nomes importantes da música brasileira, como Chico César, Ney Matogrosso, Fernando Brant, Sacha Amback, Chico Correa e Vicent Huma. Fernanda também compõe trilhas musicais para o teatro e para o cinema (Memória Matriz, Canção para invocar a Primavera, Carrego o que posso – Faço quintal onde dá, Kwat e Jaí – Os Bebês heróis do Xingú, Toin Toin, Barca Nômade, Sebastiana, Contra o Amor entre outros).