Quanto custa um filho? Os desafios financeiros de ser mãe no Brasil

Dados do IBGE indicam que 48% das mulheres acumulam funções no trabalho, além de serem chefes de casa

No Brasil, o interesse por  ter filhos reduziu nos últimos anos, segundo dados do estudo Sonhos Brasileiros 2024®, do Grupo Croma, no qual somente 15% dos entrevistados possuem esse desejo. Dados complementares indicam que uma das maiores ambições dos brasileiros é alcançar realizações financeiras (89%).

Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo, os brasileiros estão sonhando em construir uma família por razões financeiras: “Com tantas preocupações presentes no dia a dia, brasileiros e brasileiras estão mais focados em adquirir a casa própria, ter um automóvel e ter estabilidade financeira, que ter filhos e construir uma família fica em segundo plano, já que esses objetivos podem ter um enorme impacto no balanço de uma família futuramente.”

Conforme números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2022, um filho pode gerar custos altíssimos, até os 18 anos de idade, a depender da classe social a que a criança está inserida. Para famílias da classe C, com renda mensal entre R$5.281 e R$13,2 mil, estima-se um gasto total que varia de R$480 mil a R$1,2 milhão. Na classe B, com renda mensal entre R$13.201 e R$26,4 mil, o gasto pode chegar de R$1,2 milhão a R$2,4 milhões. Já na classe A, os gastos começam em R$3,6 milhões e aumentam conforme a renda familiar.

Devido às preocupações em relação ao futuro financeiro pessoal e familiar, é condizente pensar nesses gastos antes de ter um filho. Para Flávio Menezes, contador e gerente de controladoria da Multimarcas Consórcios, é recomendado que seja reservado até 30% da renda mensal para eventuais gastos. O especialista revela que os meios para criar um filho, até os 18 anos, podem variar de acordo com a renda familiar como destacado no exemplo abaixo:  

Crédito: Flávio Menezes – Números meramente ilustrativos

Os desafios de ser mãe solo

Dados do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), publicados em 2022, preconizam que mais de 11 milhões de mães brasileiras criam seus filhos sozinhas, número 17,8% maior que o da última década. O estudo ainda mostra que 15% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo. Além disso, 72,4% das mães nesta condição vivem só com os filhos, sem ter uma rede de apoio próxima.

O estudo Oldiversity®, pesquisa também realizada pelo Grupo Croma, mostra que 78% das mulheres no geral afirmam receber menos que os homens exercendo as mesmas funções. Tornando-se um desafio crucial diante de um cenário em que mães solo possuem menor poder financeiro e ainda precisam chefiar suas próprias casas, número estimado em 48%, de acordo com o IBGE. 

Para Fernando Lamounier, especialista em educação financeira e diretor da Multimarcas Consórcios, a diferença de renda impacta diretamente na qualidade de vida que as mães podem dar a seus filhos: “A estabilidade financeira é um pilar fundamental para garantir acesso à educação de qualidade, saúde, alimentação adequada e oportunidades de desenvolvimento. Por isso é necessário rever questões de igualdade salarial entre homens e mulheres e auxiliar as mães solo com o objetivo de construir um futuro mais próspero e seguro para elas e suas famílias.

Ainda sobre essa a pesquisa do IBGE, mulheres brasileiras chegam a receber 21% a menos que os homens mesmo exercendo as mesmas funções. Além de gastarem o dobro de tempo, por semana, nos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, em média de 21,3 horas semanais para as mulheres e 11,7 horas para os homens.

Como superar os desafios de ser mãe?

Considerando  as diferenças de classe social e de comportamento de cada lar brasileiro, sendo mãe solo ou não, Fernando Lamounier, de forma simplificada, mostra meios para gerir melhor a própria renda com o objetivo de garantir uma vida mais confortável para a família.

  1. Planejamento financeiro: crie um orçamento detalhado que inclua despesas fixas, como moradia, alimentação, educação e saúde, além de gastos variáveis como lazer e vestuário.
  2. Priorize necessidades: dê prioridade aos gastos essenciais e evite compras impulsivas. Avalie a real necessidade de cada despesa antes de realizá-la.
  3. Estabeleça metas financeiras: defina metas de curto, médio e longo prazo para seus objetivos financeiros, como a educação dos filhos, compra de uma casa própria, entre outros.
  4. Tenha uma reserva de emergência: mantenha uma reserva financeira para imprevistos, como despesas médicas inesperadas ou perda de emprego. Além de custos com educação, já que o levantamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revelou que as mensalidades tiveram um aumento médio de 4,98% em fevereiro, com variações que chegam a 8,05% para a pré-escola e 8,24% para o ensino fundamental.
  5. Compare preços, negocie e evite dívidas: pesquise e compare preços antes de fazer compras maiores, não hesite em negociar descontos ou melhores condições de pagamento e evite acumular dívidas de cartão de crédito ou empréstimos que possam comprometer sua estabilidade financeira em longo prazo.

“A criação de filhos no Brasil envolve desafios financeiros significativos que precisam ser cuidadosamente considerados. Para superar esses desafios, é essencial adotar práticas de gerenciamento financeiro sólidas que se ajustem ao estilo de vida de cada pessoa, buscando sempre o melhor caminho para custear a criação de um filho e ainda manter a segurança e estabilidade financeira”, conclui Lamounier.

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